21.3.10

"Hoje acordei com a estranha sensação de que me faltava qual quer coisa. Como se parte do meu dia estivesse perdido no meio de nenhures.

Desamparada. Sem ninguém. Sem ti, aqui. Pior é que mais de metade da população no mundo nunca o poderá sentir, nem saber como é, tão bem como eu - porque nunca ninguém o sentiu. Nunca ninguém o soube.

«Isso tem um nome.» Murmura alguém bem perto de mim. Calei. Conssenti na esperança que alguém me respondesse sem ter que falar - tal como à muito não fazia. Calei, talvez pelo medo de poder ouvir essa dita resposta, uma vez mais. «Obcessão!» Declara agora, pronunciando aquela rude palavra da maneira mais bela possível, como só ele o sabia fazer.

E afogada em lágrimas, uma vez mais - já conto mais de um milhão de vezes - ele afaga-me, de novo. Ampara-me uma vez mais, na esperança de amenizar a brusquidão das suas palavras. Conclui então, beijando-me levemente sobre a testa, enquanto eu tentava adormecer, novamente, por entre lágrimas.

Ao deixar-me para trás em tamanha solidão, apercebe-se do mal que fez. Do mal que me faz. Nenhum humano devia sentir tal dor. Nenhum humano devia sofrer de tal maneira. Mesmo pronto para saír, pára a meio caminho e oiço mais uma vez a quietitude patente na sua voz. «Mas não és a única.» Nisto, continua o seu caminho em busca do nada.

E eu, abandonada ao acaso e deixada no meio da solidão pronuncio baixinho: «O pior é que ninguém o pode entender tão bem como eu.»

Deixo-me adormecer sufocada pela dor.

 

*Personagem II fora de cena. Personagem I deixa-se adormecer sobre o chão.

Fim da cena LVII*"

 

 

Alexandra

♪♫ a ouvir: Oasis - Stop Crying Your Heart Out
sinto-me: Desamparada.

I'm looking for...
 
Someone, somewhere?
Março 2010
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